8 de agosto de 2010

O olho do furacão


Como é triste para aqueles que conseguem ver por detrás daquilo que os outros somente enxergam. Para muitos é um dom, mas o outro lado da moeda é a maldição. É sofrido ter olhos que veem a compleição desnudada dos fatos, sem maquiagem ou retoques. É como ter sede no deserto, avistar um oásis, e saber que não adianta seguir até lá para se saciar.   Este olhar enxerga a paisagem carcomida pelas inverdades e ilusões. Vê como as pessoas interpretam papéis, constroem ideologias para suportar o intento de vida. Se isso é dom não sei, porém é deveras condoído. Quem aceita estar numa vida sem sabor (sabedoria) é porque se contentou com as migalhas. Não são quaisquer migalhas, são migalhas recondicionadas pelo aprendizado social. Seria tão bom ter uma rede de relacionamentos autênticos. Todavia, não se pode ter o que este olhar recusa. Não adianta nenhuma tentativa de evasiva, dele nada se esconde.
O melhor portanto é praticar a compaixão, não a tolerância. Porque tolerar é fingir, cair no desespero da cegueira consciente. Com os anos passamos a não esperar nem desesperar, e o tédio nos sobrepõe por pensar assim.
As pessoas ao meu lado que não temem o meu olhar, não temem porque finjo. Aprendi a interpretar a história de felicidade autêntica para sobreviver. Quem tudo vê também tem de aprender a se calar. Queria gritar a minha verdade, mas não seria com generosidade. Assim, não vale a pena. Ninguém quer debater conteúdos, apenas ficar nos rótulos. Ser simples não é o mesmo que ficar na superfície. Mas, para estar em companhia dos outros é preciso subir à superfície, pois quem muito fica nas profundezas também se perde.   

2 comentários:

  1. Anônimo12:08

    Oi, Pedro!! Assunto complexo esse hein...
    Acredito que consigo compreender o seu raciocinio, ver algumas coisas como quem assiste a uma peça de teatro ou novela, sabendo que não é real, mais se perdendo vez por outra entre a realidade e a ilusão do que assistimos.
    E muitas vezes acontece de querermos que as pessoas vejam com nossas lentes, nossos filtros.
    Cada olhar, com sua lente, e um filtro diferente,Vê coisas diferentes, momentos diferentes.
    As vezes parecem tão distantes do que compreendemos ou acreditamos compreender.

    Nem tudo que vejo compreendo de imediato, muitas situações ficaram maturando em mim, aguardando compreenção.
    Que muitas vezes chega com o percorrer do trajeto, as experiências ou evoluções do percurso.

    Forte abraço!

    Ótima imagem!

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  2. É que infelizmente a naturalidade, a liberdade, a gostosa maneira de viver a vida como ela é, para uns vem sendo um projeto em construção interminavel, para outros melhor nem projetar , viver na mesmice seria a melhor maneira de se infiltrar nas bordas de uma sociedade falida e sem forma , sem motim e principalmente sem valores ...Portanto como criar um projeto de vida, se dependemos de nos projetar-mos desta nossa pequenes , e devassar o próprio invisivél, enfrentar as sombrar criadoras pelas nossas vontades e crenças e substituilas por novas e mutantes vivencias praticadas a cada dia com a prétenção de nós tornarmos alados...E saber a hora de estar em terra.

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