Semana passada eu
recebi a notícia de que no próximo semestre não farei parte do corpo docente
da universidade. Trabalhava na instituição há vinte e dois anos. Estou fora. Fui
demitido. Isso não me deixou triste. O que me faz triste é a lacuna deixada
pela saudade do hábito. Eu já sentia que o meu processo como professor estava
terminando. Deixo a carreira de professor, mas continuo educador. Ser educador não
se aprende, se é, não significa ter um cargo para ensinar. São coisas
diferentes. Eu atendo muitas pessoas que necessitam de educação. Portanto,
educação, para mim, é um processo de formação integral do humano para que ele
se torne melhor. Foi assim com os meus alunos nesses anos. Sempre me interessei
mais em formar pessoas melhores do que passar conteúdos. Era como um pescador
que se sentava à beira do rio e contar histórias de vidas. Essas histórias
ajudaram a ilustrar minhas técnicas terapêuticas, ensinar aos alunos que
eles deveriam ver além do corpo doente e sofrido. Minha teoria esteve baseada
na semente de que se somos boas pessoas podemos ajudar outras a serem também. Por
isso, eu tenho me dedicado a ser melhor o tempo todo. De fato, a intenção é
desenvolver o bem. Ser bom é ser íntegro, portanto, ser saudável.
Pois, ninguém nasce bom ou mal, somos educados
a sê-lo. Assim, é importante saber que o mal é o erro, a lacuna, o que não vai
bem. O que repercutirá no corpo, no palco de manifestação de nossas ações. A
infinita inteligência do organismo vivo busca sempre a nos trazer de volta ao
eixo, ao centro, ao meio. O sintoma é o mensageiro, o avatar que nos traz o
bem.
Já vinha sentindo que o meu processo estava no
fim, para dar início a outros. Nada termina sem que haja a certeza de novos
começos. Isso é aprendizado. Existe o paradoxo da autonomia que nos ensina que
só somos verdadeiramente quem somos quando nos libertamos de nós mesmos. É necessário
deixar ir o que acreditamos ser para experimentar a outra face de nós mesmos. Estou
deixando para trás uma identidade profissional, para lançar-me em mim mesmo. Essa
é a jornada do homem livre, abandonar para adquirir. Eu sou mais do que um
título, eu sou uma pessoa, e, como tal, tenho de ser melhor a cada dia.
Não há escolha que não
se reporte ao futuro, então a escolha está no presente dado. Não escolhemos sozinhos.
A decisão da coordenação da universidade se coaduna com as minhas escolhas. Está na hora de mudar o rumo de minha história, de avançar em novos
aprendizados.
Não julgo se isso é bom ou ruim, porque há tempos aprendi que devo seguir o fluxo do rio da vida, pois a fé reside em saber que terei o melhor para me desenvolver como indivíduo, aquele que não se divide. Sendo assim, ser professor ou qualquer outra coisa nada mais é do que ser dividido em várias partes. É estar fragmentado, ser doente e sofredor. Não quero optar por isso.
Neste momento estou caminhando
ao som das grandes mudanças. Aguardo com tranquilidade o novo chamado, para que
eu possa seguir em direção àqueles que precisam de minha educação.

Pedro, estarei torcendo por você na jornada do homem livre. Estou também em um momento parecido. Um grande abraço! Fernando
ResponderExcluirPedro continue plantando, semeando e fazendo dos seus conhecimentos caminhos livres para quem quiser caminhar, na vida tudo está sempre em mutação e vc está dentro deste movimento, sua semeadura terminou nesta instituição agora vc recomeçará em outras áreas do desenvolvimento humano, o mundo precisa de ti, e vc é uma ferramenta fértil para impulsionar e transformar bloqueios que ainda permutam na vida de cada ser humano.Siga em frente com a colaboração daqueles que muito te querem bem e te amam de verdade.
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