10 de maio de 2010

Será que estamos conscientes?

Ontem foi o dia das mães. Como órfão de mãe, fui almoçar com a minha sogra. No mesmo dia seria comemorado o aniversário de minha afilhada. No momento de cantar parabéns, o meu cunhado resolveu adiantar a música, indo logo para o “com quem será que a menina vai casar”. O mais incrível é que parece que ninguém percebeu que a música comemorativa estava pela metade. Então, não pude deixar de questionar: Será que estamos perdendo a consciência dos ritos? Se não temos a percepção necessária para saber a importância de uma comemoração, será que nós estamos perdendo a consciência de nós mesmos?


Estar consciente de nós mesmos não é tarefa fácil. Estamos acostumados com a perspectiva de mundo de fora para dentro, e não o inverso. Por exemplo, enquanto você está lendo estas palavras, tente identificar-se. Quem é a pessoa que lê, e o que a leitura significa para você. Não tente pensar no escritor que as escreveu, pense somente nas palavras, e o que elas significam para o leitor. No caso, você.

Se você insistir em dar créditos ao escritor, esquecendo-se de quem de fato está lendo, você perderá a noção de quem é, e poderá chegar a uma terrível conclusão: “eu não existo”.

No momento em que você toma consciência de um som, cheiro, visão, sentimento, pensamento. Você está fadado a deixar de lado o seu EU. Mesmo que possa parecer que as coisas pertencem a você, no mínimo, estará simplesmente acreditando num ponto de vista que pode não ser seu de verdade. Muitas vezes, a criação é dos outros, e não sua.

Por que ninguém percebeu que o “parabéns pra você” não foi cantado? Como uma única pessoa pode induzir a tantas outras sem que elas questionem?

Você consegue com muita facilidade descrever suas experiências, porém não sabe descrever o EU que as teve. Ele parece estar todo o tempo desconectado de você. Mas, se você se desconecta de você mesmo (EU), então quem está dando as cartas no jogo da vida? Os outros, que também não são eles. É por isso que somos levados a querer ter tantas coisas que não necessitamos. As propagandas são eficazes neste jogo, e elas sabem dar as cartas. E sempre ganham.

Você sabe que tem uma consciência, porque pode experimentar suas sensações. Como também tem a consciência de que tem consciência. Entretanto, essa consciência não é sua, e sim uma consciência coletiva. Se não fosse assim, as pessoas não teriam a coragem de aceitar a introdução de uma toxina, como o Botox, na testa para paralisar os músculos de expressão. Se pensarmos bem, uma toxina é algo ruim, porque é tóxico. Se fosse bom, não se chamaria assim.

Vivemos num mundo cujo princípio norteador é estar desnorteado, a fim de não sentir o próprio mundo. Viver consciente é saber que da mesma maneira que sentimos contentamento, também sofremos. Estar triste não é depressão. Estar alegre não é felicidade.

Enfim, o EU é um nada persistente. Este nada é um centro em torno do qual as experiências fluem incessantemente. Estas experiências ao se somarem dão uma ideia de quem somos. Portanto, só uma ideia, uma imagem de nós mesmos.

Nunca saberemos de fato quem somos, porque somos influenciados por muitos. Agora, se não tivermos pelo menos um pouco mais de atenção ao nosso íntimo, ficaremos à deriva dos desejos alheios, que nem sempre são os melhores para nós. E, a vida passa rápido... Você não pode se perder nas brumas da ilusão.

3 comentários:

  1. Anônimo00:51

    Caro amigo Pedro,
    esse tema renderia com certeza comentários suficientes para editar um livro.
    A pouco mais de 3 anos tenho tomado a cada dia conciência do mundo que nos rodea e principalmente dos Eu's que me compoem.
    E é assustador A impressão é de que tanto eu como o mundo estavam com a tecla Auto acionada.
    A primeira impressão que me ocorreu foi; Nossa O.O como não vi isso antes?Por que percebi isso antes?
    Confesso que essa conciência/despertar para ver tantas coisas, teve como gatilho leituras de livros como seu livro "Mentes".
    O baby acordou, encerro meu comentário aqui agradecendo por compartilha-lo conosco.
    Deis volto aqui p/ color um trecho do post de um amigo que li esses dias e acho que tem tudo haver com o assunto.

    Abraços Pedro

    ResponderExcluir
  2. Anônimo01:05

    Vou deixar o link do post que falei..Abraços

    http://assimcomoe.blogspot.com/2009/10/bom-dia-flor-do-dia.html

    ResponderExcluir
  3. COMO DIZIA O POETA “É PRECISO AMAR AS PESSOAS COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ...Certas atitudes errõneas só nos faz dar um tempo em momentos que nem existira para isso e, nos perguntar:Onde está a grandeza de ter uma bela atitude discreta e ao mesmo tempo direta para tal preciosa e esperada comemoração? Podemos achar que os festejos só existirão para bebemorar e saborear as delicias q serão defecadas no dia seguinte...Como certas atitudes não nos proporcionam o modo de pensar antes de agir, o homem só vai se mostrando incapaz de esquecer-se por alguns minutos e transformar aquele momento em pura beleza focada a seu semelhante, Como é dificil entender algo que para o próprio criador dos infelizes instantes se passaram desapercebido. Acredito que o portados deste fato tão desagradavel não tenha percepção para o ato de amor”.
    Assim de momento a festejar tornou-se perceptivel para todos e, mais uma vez nos pegamos a pensar como a evolução demora tanto para atingir a almas de alguns que fazem questão de se tornarem o centro da desatenção, o FOCO DEIXOU DE SER O FATOR PRIMORDIAL DAQUELE DIA TÃO ESPERADO PARA QUEM ESTAVA ANIVERSARIANDO,Triste , era para alegrar, mais se um se tornou triste, passou a ser para pensar.

    ResponderExcluir