Quero compartilhar uma pequena entrevista com a jornalista Ana Elizabeth Diniz do Jornal O Tempo sobre crise da meia-idade.
O que você me diria sobre a crise da meia idade?
A palavra "Crise" vem do grego κrisis, cujo significado é decisão. É um momento de mudanças. O que não é fácil, pois somos resistentes em deixar nossa zona de conforto. Porém, temos de decidir qual caminho seguir. Não sabemos se a direção escolhida será melhor ou pior. Simplesmente temos de optar, e experimentar uma nova forma. A palavra "Crise", no latim, pode também significar ruptura, término de um estado para se iniciar outro.
Ela existe mesmo?
Experimentamos na meia-idade porque passamos a ver a vida de outro modo, passamos de um estado de perspectiva a outro. Quando criança pensamos em brincar, quando adultos somos instigados a ter maiores responsabilidades no âmbito do trabalho e da família. Ao chegarmos na meia-idade passamos a pensar a vida por outro ângulo. Não mais pensamos como pensávamos antes. Sabemos que não somos os heróis como acreditávamos ser. Nessa fase surgem outras demandas como, por exemplo, ter mais atenção à nossa própria história de vida. Ou seja, o que foi e o que poderá ser.
Quando ocorre?
Sobretudo quando sofremos um impasse. No momento em que temos de decidir o que fazer de nossas vidas. É comum surgir questionamentos existenciais a partir dos quarenta anos de idade. Mas isso não é uma regra, depende de como o sujeito experimenta o seu viver.
Atinge mais homens ou mulheres?
Ambos.
Não penso que deveríamos evitar o que nos faz sentir. Pode ser difícil, ainda mais em tempos de tantas distrações. Vejo a crise da meia-idade como um chamado, uma oportunidade de se fazer uma revisão de nossa história. Aquilo que é de fato importante para nós. Por assim dizer, penso que na crise devemos ter mais consciência de quem somos e saber discernir o que é desejo e o que é necessidade.

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