26 de fevereiro de 2011

Elefante de circo




Meu pai adorava circo. Quando um levantava a tenda próximo à cidade, íamos assistir ao espetáculo. Eu me questionava quanto tempo era necessário para que os treinadores pudessem ensinar os truques aos animais. Impressionava-me com os elefantes. Eram animais inteligentes e, no entanto, tristes por isso.


Eu carregava um questionamento: Por que um elefante fica amarrado a uma estaca de madeira enterrada poucos centímetros no chão e não foge?

Embora a corrente seja grossa e resistente, é óbvio que ele poderia fugir facilmente, levando com ele a estaca, a corrente e tudo que encontrar pela frente.

Um elefante é forte o bastante para escapar, mas não o faz.

Por que razão os elefantes são tão resignados? Não fogem porque são amestrados? Mas se são amestrados, por que acorrentá-lo?

O elefante não escapa porque se habituou. A corrente é colocada quando ele é ainda pequeno e fraco o bastante para escapar. Ele tenta, mas não consegue. Chega um momento em que ele desiste de sua liberdade. Então cresce sem conhecer a sua verdadeira força, se contrai, se submete.

Somos como os elefantes, desconhecemos a nossa verdadeira força porque fomos educados a duvidar de nossa capacidade criativa.

Na minha infância escutei várias mensagens de adestramento. Só para citar algumas:

• “As coisas conseguidas com sacrifício são melhores”;
• “Estude para ser alguém na vida”;
• “Sem esforço não se chega a lugar nenhum”.

Fui uma criança rebelde e questionadora, e quando adulto passei a duvidar dessas mensagens. Ao invés de buscar só o desconhecido para aprender o novo, passei também a questionar o conhecido. Busquei outras maneiras de ver a minha vida. Mesmo que as sentenças parecessem lógicas, passei a duvidar do certo a fim de descobrir outras maneiras. Criei novas mensagens para mim:

• Sacrifício significa Ofício Sagrado, portanto é preciso acreditar na missão a mim confiada, independentemente de elas serem boas ou ruins;

• Desde o momento em que nasci já era alguém. Só é preciso envelhecer um pouco mais para aprimorar este alguém;

• Esforço cansa. Nega-se o fluxo para manter o controle. A dedicação, por outro lado, é imprescindível para ir adiante.

Enfim, hoje estou mais velho e menos adestrado do que antes. Ainda assim, sigo a vereda de minha verdade.

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