13 de fevereiro de 2012

Somos todos bons...?

Foto: Diane Arbus

Se eu não fizer, outro vai fazer. Essa é uma justificativa fraca para fazer algo errado. Somos responsáveis por nossas escolhas. Independentemente de os outros escolherem o errado não quer dizer que devemos fazer o mesmo. Cada um faz sua escolha. Todas as escolhas são individuais. Ninguém é obrigado a repetir o que o outro faz. Não tenho como não citar a famosa frase bíblica:


"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma". Coríntios 6:12.

O interessante é que as situações se desenrolam da maneira que já existem em nós como similitude. É difícil resistir à tentação de irmos contra nós mesmos. Quando menos esperamos aparece um dilema a nos empurrar abismo abaixo.

É mais fácil arrumar uma justificativa ideológica para os nossos erros, assim nos sentimos justos e até mesmo pessoas do bem. Principalmente ao olhar dos outros. Ainda que possamos achar que não estamos nem aí para a opinião alheia, queremos a aprovação que vem de fora. Será que os nossos pais não nos deram afeto suficiente para querermos sempre mais dos outros? Eles podem até ter nos dado, mas nunca é o bastante. Afeto está na ordem do capitalismo. A criança que quer um brinquedo novo e caro já tem incutido o desejo inconsciente de o brinquedo ser apreciado pelos olhares dos colegas. Porque assim ele passa a ter valor redobrado. Ao crescermos queremos ter o diploma da instituição renomada, queremos ter o reconhecimento no trabalho, queremos ser vistos como pessoas íntegras.

Se você me perguntar sobre as pessoas com as quais me relaciono, direi que todas são honestas e justas ou, na melhor das hipóteses, pessoas inocentes. Eu não posso deixar de fazer outra citação bíblica (hoje não estou religioso nem tampouco crente, mas faço as citações porque elas são antigas, e muitas pessoas as usam para justificar seus próprios erros, como pessoas religiosas que são):

"E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes." Lucas 23:34.

Mesmo que o ato seja errado não temos como justificar o injustificável. Hoje escutei algumas pessoas religiosas se justificarem: "Eu não paguei aumento do salário mínimo à minha empregada doméstica porque ela recebe mais que um salário. Ela já ganha bem"; "Eu pago pouco ao meu jardineiro porque ele não sabe muito bem o que é dinheiro"; "Eu dou um presentinho para ela, aí ela me faz todos os favores". Todas essas pessoas são ingênuas (sem ironia), incapazes de ter consciência profunda.

Todas essas pessoas sofrem no corpo a dor da contenção, do medo de não ter controle sobre o outro. Elas não abrem mão do poder  como dominação. O que isso representa em âmbito profundo? O medo de perder. Querer ter vantagem para ter mais, para assim justificar o medo de não ter. O medo nos torna pessoas piores, escravas do social corrupto. Ter muito nos faz sofrer o medo de perder o que temos.

Hoje pela manhã, antes de sair para trabalhar, li o seguinte: "Você só perde o que segura". Algumas vezes eu tenho receio do que leio antes de sair para trabalhar, porque a mensagem se configurará em várias situações durante o dia. É como uma premonição. Se estou conectado com tudo e com todos, obviamente que ao abrir um livro ou escutar a letra de uma música algo semelhante irá se apresentar no cenário do dia.

Por isso, sempre digo às pessoas: Preste atenção aos sinais da vida, faça as melhores escolhas para que você possa ser melhor.  Recuse o convite da desintegração (doença).

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