Foto: Diane Arbus
Se eu não fizer, outro vai fazer. Essa é uma justificativa fraca para fazer algo errado. Somos responsáveis por nossas escolhas. Independentemente de os outros escolherem o errado não quer dizer que devemos fazer o mesmo. Cada um faz sua escolha. Todas as escolhas são individuais. Ninguém é obrigado a repetir o que o outro faz. Não tenho como não citar a famosa frase bíblica:
"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as
coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar
por nenhuma". Coríntios 6:12.
O interessante é que
as situações se desenrolam da maneira que já existem em nós como similitude. É
difícil resistir à tentação de irmos contra nós mesmos. Quando menos esperamos
aparece um dilema a nos empurrar abismo abaixo.
É mais fácil arrumar
uma justificativa ideológica para os nossos erros, assim nos sentimos justos e
até mesmo pessoas do bem. Principalmente ao olhar dos outros. Ainda que
possamos achar que não estamos nem aí para a opinião alheia, queremos a
aprovação que vem de fora. Será que os nossos pais não nos deram afeto
suficiente para querermos sempre mais dos outros? Eles podem até ter nos dado,
mas nunca é o bastante. Afeto está na ordem do capitalismo. A criança que quer
um brinquedo novo e caro já tem incutido o desejo inconsciente de o brinquedo
ser apreciado pelos olhares dos colegas. Porque assim ele passa a ter valor
redobrado. Ao crescermos queremos ter o diploma da instituição renomada,
queremos ter o reconhecimento no trabalho, queremos ser vistos como pessoas
íntegras.
Se você me perguntar
sobre as pessoas com as quais me relaciono, direi que todas são honestas e
justas ou, na melhor das hipóteses, pessoas inocentes. Eu não posso deixar de
fazer outra citação bíblica (hoje não estou religioso nem tampouco crente, mas
faço as citações porque elas são antigas, e muitas pessoas as usam para
justificar seus próprios erros, como pessoas religiosas que são):
"E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o
que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes." Lucas
23:34.
Mesmo que o ato seja
errado não temos como justificar o injustificável. Hoje escutei algumas pessoas
religiosas se justificarem: "Eu não paguei aumento do salário mínimo à
minha empregada doméstica porque ela recebe mais que um salário. Ela já ganha
bem"; "Eu pago pouco ao meu jardineiro porque ele não sabe muito bem
o que é dinheiro"; "Eu dou um presentinho para ela, aí ela me faz
todos os favores". Todas essas pessoas são ingênuas (sem ironia), incapazes de ter consciência profunda.
Todas essas pessoas
sofrem no corpo a dor da contenção, do medo de não ter controle sobre o outro.
Elas não abrem mão do poder como
dominação. O que isso representa em âmbito profundo? O medo de perder. Querer
ter vantagem para ter mais, para assim justificar o medo de não ter. O medo nos
torna pessoas piores, escravas do social corrupto. Ter muito nos faz sofrer o
medo de perder o que temos.
Hoje pela manhã, antes
de sair para trabalhar, li o seguinte: "Você só perde o que segura".
Algumas vezes eu tenho receio do que leio antes de sair para trabalhar, porque
a mensagem se configurará em várias situações durante o dia. É como uma premonição.
Se estou conectado com tudo e com todos, obviamente que ao abrir um livro ou
escutar a letra de uma música algo semelhante irá se apresentar no cenário do
dia.
Por isso, sempre digo
às pessoas: Preste atenção aos sinais da vida,
faça as melhores escolhas para que você possa ser melhor. Recuse o convite da desintegração (doença).
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