9 de dezembro de 2017

Espiritualidade





A vida na Terra é uma holarquia, cuja informação do todo planetário encontra-se escrita em cada um dos seus habitantes. Temos uma identidade terrestre e, por isso, estamos, enquanto indivíduos e sociedades, encaixados nos processos cíclicos da natureza. Daí a importância de sermos mais cuidadosos em nossos relacionamentos.
Quando atingirmos a compreensão de que o nosso lar – oikos – é comum a toda a humanidade, será possível, finalmente, dizermos “a minha morada é a sua morada”. Isso quer dizer compaixão, a união de um par de opostos. Enquanto humanos, somos filhos da mãe-terra (Gaia), que sustenta nossa vida. A palavra “humano” é derivada de um termo latino, húmus, que quer dizer “terra”, de onde viemos e ao qual retornaremos. Por isso, se faz necessário reconhecer nossa irmandade, buscando a prática da solidariedade.
É preciso compreender que todos estamos numa aventura desconhecida, mas não sozinhos. Pode parecer solitário o corpo, com suas fronteiras, mas sempre haverá algo para o unir. A mente não é o cérebro. Do mesmo modo que o cérebro não é a “torre de comando” do corpo. A mente é processo e, portanto, flui em todas as direções, estando em toda parte e em parte alguma. A mente é holográfica!  
A ecologia humana supõe o modelo holográfico porque relaciona, escreve o todo em suas partes, preconizando que tudo tem a ver com tudo em todos os sentidos. Sendo assim, é também um pensamento da fraternidade, apelando para a tomada de consciência para não fracionar, separar, discriminar, mas unir, religar. Por isso, pode ser considerado também um pensamento re-ligioso, no sentido de pretender religar o que está separado do seu contexto planetário.

Nossa espiritualidade deriva da união com uma força superior. A perda do senso de ligação com essa força tem como resultado uma perturbação da saúde, gerando sensação de isolamento e vazio. Isso acarretará em uma perda da vitalidade do corpo e, consequentemente, uma atenuação do seu espírito vital. A vibração do corpo e a graciosidade dos movimentos são manifestações de nossa espiritualidade.
Nós, seres humanos, somos como as árvores: temos uma extremidade enraizada no solo e outra estendendo-se para o céu. Somos seres intermediários. Estamos entre o Pai-céu que nos protege e a Mãe-terra que nos alimenta.  Sem o contato (grounding) com a Mãe-terra, a espiritualidade se transforma numa abstração sem vida.
Estar enraizado é estar ligado à nossa realidade fundamental.

Não podemos esquecer que sempre estaremos em busca de um significado, porém temos uma pátria planetária, casa que nos aloja com seu jardim e suas estrelas. Quando compartilhamos o mesmo teto com os outros, sabemos que o sentimento fraterno se torna imprescindível. Portanto, reconhecer nossa irmandade possibilita-nos viver melhor o destino terrestre. Quando, finalmente, compreendermos que estamos ligados por laços invisíveis da força superior universal, conseguiremos não apenas cuidar melhor de nossos jardins e de nossas estrelas, mas também enternecer nossa Mãe-terra e nosso Pai-céu.

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