A vida na Terra
é uma holarquia, cuja informação do todo planetário encontra-se escrita em cada
um dos seus habitantes. Temos uma identidade terrestre e, por isso, estamos,
enquanto indivíduos e sociedades, encaixados nos processos cíclicos da
natureza. Daí a importância de sermos mais cuidadosos em nossos
relacionamentos.
Quando
atingirmos a compreensão de que o nosso lar – oikos – é comum a toda a
humanidade, será possível, finalmente, dizermos “a minha morada é a sua
morada”. Isso quer dizer compaixão, a união de um par de opostos. Enquanto
humanos, somos filhos da mãe-terra (Gaia), que sustenta nossa vida. A palavra “humano”
é derivada de um termo latino, húmus, que quer dizer “terra”, de onde
viemos e ao qual retornaremos. Por isso, se faz necessário reconhecer nossa
irmandade, buscando a prática da solidariedade.
É preciso
compreender que todos estamos numa aventura desconhecida, mas não sozinhos.
Pode parecer solitário o corpo, com suas fronteiras, mas sempre haverá algo
para o unir. A mente não é o cérebro. Do mesmo modo que o cérebro não é a
“torre de comando” do corpo. A mente é processo e, portanto, flui em todas as
direções, estando em toda parte e em parte alguma. A mente é holográfica!
A ecologia
humana supõe o modelo holográfico porque relaciona, escreve o todo em suas
partes, preconizando que tudo tem a ver com tudo em todos os sentidos. Sendo
assim, é também um pensamento da fraternidade, apelando para a tomada de
consciência para não fracionar, separar, discriminar, mas unir, religar. Por
isso, pode ser considerado também um pensamento re-ligioso, no sentido de
pretender religar o que está separado do seu contexto planetário.
Nossa
espiritualidade deriva da união com uma força superior. A perda do senso de
ligação com essa força tem como resultado uma perturbação da saúde, gerando
sensação de isolamento e vazio. Isso acarretará em uma perda da vitalidade do
corpo e, consequentemente, uma atenuação do seu espírito vital. A vibração do
corpo e a graciosidade dos movimentos são manifestações de nossa
espiritualidade.
Nós, seres
humanos, somos como as árvores: temos uma extremidade enraizada no solo e outra
estendendo-se para o céu. Somos seres intermediários. Estamos entre o Pai-céu
que nos protege e a Mãe-terra que nos alimenta.
Sem o contato (grounding) com
a Mãe-terra, a espiritualidade se transforma numa abstração sem vida.
Estar enraizado é
estar ligado à nossa realidade fundamental.
Não podemos
esquecer que sempre estaremos em busca de um significado, porém temos uma
pátria planetária, casa que nos aloja com seu jardim e suas estrelas. Quando
compartilhamos o mesmo teto com os outros, sabemos que o sentimento fraterno se
torna imprescindível. Portanto, reconhecer nossa irmandade possibilita-nos
viver melhor o destino terrestre. Quando, finalmente, compreendermos que
estamos ligados por laços invisíveis da força superior universal, conseguiremos
não apenas cuidar melhor de nossos jardins e de nossas estrelas, mas também
enternecer nossa Mãe-terra e nosso Pai-céu.
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