26 de março de 2011

Por que tomamos atitudes que nos fazem mal?



Quanto maior o nível de consciência mais chances temos de fazer melhores escolhas. De fato, levar uma vida consciente nos faz tomar atitudes mais saudáveis. O problema é que nem sempre estamos interessados em saber quais as repercussões de nossas ações. Estamos em meio a tanta informação que não mais sabemos escolher o melhor para nós. Daí julgarmos o melhor para o outro. Ao julgarmos as atitudes alheias criamos uma trave em nossos olhos, não enxergamos a nós mesmos. É mais simples olhar para fora e ver o erro no outro.

Estou a passar por um conflito sério, a escolha de minha alimentação. Minha mãe gostava de me ver gordo, por isso me alimentava excessivamente. Ela acreditava que saúde e gordura eram sinônimos. Quando estava magro, ela ficava triste achando que eu não estava saudável. Quando eu engordava, o que me deixava irritado comigo mesmo, ela ficava alegre. Sempre foi assim na minha infância e adolescência. Nunca deixei de engordar e emagrecer. Hoje penso no meu organismo que aumenta as reservas de gordura para agradar a minha querida mãe. Mesmo que ela não mais exista entre nós, de qualquer maneira, o meu organismo ainda acredita na presença dela.  

Para a minha mãe a comida tinha um significado importante. Ela era sagrada, pois já tinha experimentado a falta. Eu nunca soube o que é não ter o que se quer para comer. Entretanto, o meu inconsciente carrega a ideia da falta. Não somos divididos. Somos também o desejo do outro.

Ontem ao assistir a uma entrevista com a jornalista britânica Felicity Lawrence, fiquei chocado mais uma vez pela minha incapacidade de tomar atitudes positivas com relação aos meus hábitos. Eu sei que não tenho muita saída, mas posso fazer mais. Mas, como fazer melhor se um prato de batata frita ainda me enche os olhos e põe água na minha boca? Só me sento melhor quando encontro uma justificativa. Todos nós temos os bolsos cheios de justificativas para as nossas falhas. Se a gente rouba de alguém, sabemos que estamos cometendo um ato antiético importante, porém quando nos alimentamos mal, porque ferimos a nós mesmos, ou mesmo ferimos a ética por estarmos contribuindo para o mal de outras espécies animais, não pensamos desse jeito. Culpamos a cultura, ou mesmo a nossa biologia.  

Felicity Lawrence fala sobre a indústria mundial de comida que nos alimenta mal e cria hábitos pouco saudáveis, nos entope de substâncias danosas ao organismo, enquanto acumula lucros bilionários. Grandes empresas multi-nacionais dominam o setor e fogem da transparência que revelaria suas práticas nocivas. O consumidor não tem tempo para fiscalizar o que compra no mercado e depois come, sem perceber quando é manipulado pela má informação nos rótulos e na publicidade.

Definitivamente eu tenho de expurgar conceitos inconscientes aprendidos durante anos de uma alimentação sem comedimentos. Aprender a mudar não é tarefa fácil, mas humana. Caso contrário, daqui a pouco, terei efeitos no meu organismo que me deixarão marcas para sempre. Tanto para mim quanto para as minhas filhas, que de certa maneira também aprendem comigo.

Um comentário:

  1. Tudo por falta do amor verdadeiro, inexplicavél que nos deixa simplesmente buscadores de tudo o qual nos faz mal...Falta amor, falta do amor, falta se amar e se completar de coisas que nos alimentam de forma leve assim como o carinho, afeto, atenção, estima em alta e AMOR...

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