22 de janeiro de 2012

A injustiça no corpo



Será que você sabe o quanto a verdade é importante? Ela é importante para termos mais civilidade em nossas relações e maior capacidade para entender nossas vidas. A verdade forma o juízo, através do qual nos fortalecemos. Ela também contribui para o nosso desenvolvimento. Mas não é só isso. Se nos munirmos da verdade podemos alcançar ainda algo maior, a justiça.

Pode parecer difícil entender, mas a justiça contribui para a nossa integridade. Quero dizer, a nossa saúde. Os sistemas orgânicos não funcionam, porque não são máquinas, mas eles estão fundamentados em processos de organização de suas partes. Eu poderia dizer que a justiça é a preservação do pacto estabelecido entre átomos, moléculas, células, tecidos, órgãos do corpo humano. Não sabemos “quem” ou “o quê” determina este pacto. Porém, todos nós sabemos que estar doente é estar desequilibrado, desintegrado, enfermo (a palavra “enfermo”, por exemplo, vem do latim infirmus, significando “sem firmeza”). Quando algo provoca um comportamento que perturbe o pacto, o equilíbrio dinâmico desvia de sua proposta natural e, consequentemente, todo o sistema sai de sua rota de desenvolvimento. Para que ele volte ao estado de equilíbrio dinâmico, serão necessários novos ajustes e adequações.

Todos sabem, porque todos nós alguma vez já ficamos doentes, que ao estarmos enfermos perdemos nossa direção momentaneamente. Temos de parar para nos recuperar. Para restabelecer as forças é preciso que todo o sistema se reorganize, crie novas maneiras de adequação à suas necessidades. Podemos mentir para nós mesmos, mas nem sempre o organismo admite permanecer neste estado de mentira por muito tempo. Ele vai pedir uma trégua mais cedo ou mais tarde. Em suma, recriar um estado saudável é renovar a justiça, restabelecer o pacto.     

Quantas vezes ficamos resfriados porque fazemos coisas além de nossas capacidades? Quantas vezes temos diarreia porque tememos algo novo? Quantas vezes sentimos os nossos músculos do pescoço tensos de tanta preocupação? Isso ocorre muito mais do que nos damos conta. Temos a tendência de silenciar o corpo sempre que um sintoma interfira em nossos projetos. O corpo se encarrega em nos mostrar os limites. Mesmo assim, quando não nos contentamos com a interferência, quando o sintoma chega a ser insuportável, tentamos silenciá-lo com medicamentos.

O medicamento é importante quando não há mais para quem recorrer, pois já foi feito estragos demais. Contudo, é relevante saber como está sendo conduzida a vida de nosso organismo. Ele não é separado de nós. Temos ainda a tendência de recusar refletir sobre a nossa vida em um contexto maior.

Em um contexto maior diria que as outras pessoas com as quais convivemos também participam do mesmo pacto. Eu preciso ser justo e honesto com o outro para estar saudável, o que repercutirá em meu organismo. Não posso tripudiar as leis de conformidade do bem-estar. Ou seja, eu não vivo só, eu convivo. Portanto, eu preciso prestar atenção aos interesses comuns, com senso de responsabilidade e sustentabilidade.

Infelizmente, não está sendo fácil encontrar a verdade diante de tantos interesses mesquinhos por aí. Conheço pessoas de boa vontade doentes porque mentiram para elas mesmas durante anos. Conheço outras que tentam justificar suas ações mesquinhas para escapar delas mesmas. Conheço umas que procuram ideologias para comprovar seus atos bem-intencionados. Todas com um só objetivo: manter o status quo do que é ser uma “boa pessoa”.

Ninguém pode ser bom se não for íntegro. Será que os hospitais estão superlotados porque há pessoas demais mentindo para elas mesmas? O que fizermos com os outros ou com nós mesmos sempre alterará o pêndulo da balança.  

Um comentário:

  1. Fazer o que realmente se deve é de uma conformidade legitima do ser integrante de si mesmo.Muitas vezes dizemos ou blasfemamos sermos 'BONS'. Pra quem? Se tivéssemos estas considerações sobre nosso corpo(o único veiculo que faz do homem um ser melhor)este templo onde o Espirito habita para evoluir, que muitos dão o nome de igreja, casa, morada, roupagem, rocha etc e, não o tratamos com respeito por sermos injustos com o nosso verdadeiro método para manter a casa limpa e continuar moradores da própria e não querer morar na casa do outro ,é pq ainda estamos muito além do conhecimento divino deste grande organismo vivo o "corpo humano"
    Uma obra subliminar que o mesmo concentra para o nascer de outro.

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