Não sabemos a direção
do rio. Tentamos mapeá-lo, mas as bifurcações surgem em locais inesperados.
Isso torna a vida grande, enigmática, até mesmo estranha. Podemos criar
teorias, e prová-las. Contudo, não sabemos se estamos sendo enganados por nós
mesmos. Preferimos confiar em nossas convenções. Queremos a aprovação de fora
para corroborar o fato de que não estamos num grande engodo. Quando não
encontramos eco do lado de lá nos sentimos enganados pelo outro, traídos,
injustiçados.
Nenhuma vida pode ser
mapeada por outros. Gostamos de confiar no nosso senso de interpretação. Mas, a
vida é muito mais ampla. Não conseguimos olhar ou ouvir mais do que a nossa
biologia nos proporciona. Somos escravos de nossas ideias. O pior de tudo isso
é saber que o que existe dentro é o que se mostra fora. A palavra percepção
significa captar. Atualmente, sabemos que nada captamos, nossos sentidos
existem apenas para confirmar o que já existe em nós. É uma espécie de
compatibilidade entre dois mundos, o de fora e o de dentro. Por isso, o novo é
sempre um reconhecimento.
Para conseguirmos ver
a novidade em seu estado puro será necessária muitas experiências novas. Cada
qual um pedaço do quebra-cabeça que vai sendo montado até emergir uma nova
ideia.
Por esse fato, mudar é
difícil, requer tempo e experimentação consciente. Nada será novo, mesmo que as
paisagens possam nos parecer diferentes, se não conseguirmos trafegar por
caminhos outros.
Não queremos sair de
nossa zona de conforto, pois ela nos dá a impressão de que está tudo bem. Não
podemos saber se está tudo bem até que estejamos em plenitude, em silêncio. Se
conseguimos estar com nós mesmos sem a interferência de nossas preocupações,
podemos dizer que estamos plenos. Mas, isso não é tarefa fácil, pois assim que
chegamos ao mundo já estamos comprometidos com as idealizações de nossos pais,
suas incertezas e preocupações. Elas nos formam e deixam marcas em nossas
células. Demora muito conseguir novos padrões de comportamento.
Vivemos a vida inteira
tentando limpar o que não nos serve. Mesmo assim, não conseguimos limpar tudo,
pois somos atraídos pelos padrões adquiridos ao longo de nossa história.
Vejo, em meus
atendimentos, o quanto as pessoas formam crenças a respeito daquilo que não são
delas, mas dos outros. Como limpar as crostas de nossas vidas? Eu não quero ser
pessimista, muito menos repetitivo, porém ainda confio na consciência alerta a
todo o momento.
Um bom conselho seria:
Sinta o vento soprar,
sem materializá-lo em algo conhecido;
Não procure caminhos
preconcebidos;
Com fé, deixe o corpo
cair;
Desarme-se de defesas
antigas;
Limite o seu medo para
viver com mais plenitude e liberdade.
Muito, muito bom Pedro! Este texto além de retratar a liberdade de ser o que se quer ser, deixando de lado o medo de ser feliz!
ResponderExcluirParabéns! Marise
Marise, seja bem-vinda. Um abraço. Pedro
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