26 de abril de 2012

Somos o enigma da natureza


Não sabemos a direção do rio. Tentamos mapeá-lo, mas as bifurcações surgem em locais inesperados. Isso torna a vida grande, enigmática, até mesmo estranha. Podemos criar teorias, e prová-las. Contudo, não sabemos se estamos sendo enganados por nós mesmos. Preferimos confiar em nossas convenções. Queremos a aprovação de fora para corroborar o fato de que não estamos num grande engodo. Quando não encontramos eco do lado de lá nos sentimos enganados pelo outro, traídos, injustiçados.

Nenhuma vida pode ser mapeada por outros. Gostamos de confiar no nosso senso de interpretação. Mas, a vida é muito mais ampla. Não conseguimos olhar ou ouvir mais do que a nossa biologia nos proporciona. Somos escravos de nossas ideias. O pior de tudo isso é saber que o que existe dentro é o que se mostra fora. A palavra percepção significa captar. Atualmente, sabemos que nada captamos, nossos sentidos existem apenas para confirmar o que já existe em nós. É uma espécie de compatibilidade entre dois mundos, o de fora e o de dentro. Por isso, o novo é sempre um reconhecimento.

Para conseguirmos ver a novidade em seu estado puro será necessária muitas experiências novas. Cada qual um pedaço do quebra-cabeça que vai sendo montado até emergir uma nova ideia.

Por esse fato, mudar é difícil, requer tempo e experimentação consciente. Nada será novo, mesmo que as paisagens possam nos parecer diferentes, se não conseguirmos trafegar por caminhos outros.

Não queremos sair de nossa zona de conforto, pois ela nos dá a impressão de que está tudo bem. Não podemos saber se está tudo bem até que estejamos em plenitude, em silêncio. Se conseguimos estar com nós mesmos sem a interferência de nossas preocupações, podemos dizer que estamos plenos. Mas, isso não é tarefa fácil, pois assim que chegamos ao mundo já estamos comprometidos com as idealizações de nossos pais, suas incertezas e preocupações. Elas nos formam e deixam marcas em nossas células. Demora muito conseguir novos padrões de comportamento.

Vivemos a vida inteira tentando limpar o que não nos serve. Mesmo assim, não conseguimos limpar tudo, pois somos atraídos pelos padrões adquiridos ao longo de nossa história.

Vejo, em meus atendimentos, o quanto as pessoas formam crenças a respeito daquilo que não são delas, mas dos outros. Como limpar as crostas de nossas vidas? Eu não quero ser pessimista, muito menos repetitivo, porém ainda confio na consciência alerta a todo o momento.

Um bom conselho seria:

Sinta o vento soprar, sem materializá-lo em algo conhecido;
Não procure caminhos preconcebidos;
Com fé, deixe o corpo cair;
Desarme-se de defesas antigas;
Limite o seu medo para viver com mais plenitude e liberdade. 

2 comentários:

  1. Muito, muito bom Pedro! Este texto além de retratar a liberdade de ser o que se quer ser, deixando de lado o medo de ser feliz!
    Parabéns! Marise

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  2. Marise, seja bem-vinda. Um abraço. Pedro

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