Sucesso, para mim, representa
sucessão de fatos, experiências vividas e unificadas. Não entendo o sucesso
como etapa vencida. O sucesso só termina com a morte. Gosto menos da expressão “vencer
na vida”, porque a vida não é uma corrida, muito menos disputa. Mesmo que muitos
pensem dessa maneira, nunca acreditei que eu pudesse ser melhor ao ganhar do
outro. Nunca disputei nada, nem mesmo em jogo de loteria. Em qualquer situação
de competição, prefiro deixar o prêmio para o outro. Sempre quis e continuo a
querer que as pessoas me avaliem e concluam se sou indicado para qualquer
serviço. Atualmente, ao atender pela primeira vez uma pessoa, peço que ela me
telefone no outro dia me dizendo se quer continuar o processo terapêutico. Ela
precisa refletir se eu poderei ajudá-la, se ela quer enveredar ao meu lado.
Todo processo terapêutico é uma jornada. Eu costumo dizer, no final da
avaliação, que eu a escolhi, agora só falta ela me escolher. Muita gente que
não me conhece acaba por achar estranho.
Aprendi a servir desde muito cedo ao
carregar as bolsas de compras de vizinhas mais velhas que moravam no prédio de
três andares onde eu vivia. É obvio que eu ganhava com isso. Elas me chamavam
para fazer um bom lanche no apartamento delas. Eu adorava comer. Era uma
criança gorda, com oralidade exacerbada. A comida tinha um grande significado
para mim. Era uma espécie de recompensa. Eu era aceito. Muito bom saber que eu
tinha habilidades para servir àquelas pessoas. Isso me dava significado. Servir
para mim não era humilhação, e sim participação.
Acho que sei sobre isso porque aprendi
também com as humilhações sofridas em minha infância – na vida adulta também passei
por algumas. Quando aprendemos com a humilhação, vemos que o mais importante
não é se sentir humilhado, mas saber que quem humilha sofre por sua pequenez.
Eu só sofri humilhação de quem era pequeno. Nunca fui humilhado por gente de
valor. Aprendi algo importante com isso: nunca repetir o que não é bom para mim
nem tampouco para o outro. A dor da humilhação se transformou em humildade para
que eu pudesse sentir a minha insuficiência. Como escreveu o filósofo André
Comte-Sponville: “o homem humilde não se crê inferior aos outros: ele deixou de
se crer superior”. Interessante notar que não somos humilhados por acaso. A
humilhação me trouxe uma mensagem importante: Seja humilde, porque você vem do húmus (da matéria orgânica depositada no solo, resultante da decomposição de animais e plantas mortas, ou de seus subprodutos). Sim, nos
transformaremos nesses constituintes.
Muitas vezes, as pessoas repetem
aquilo que sofreram, como uma forma de vingança inconsciente. Entendo isso como
defesa empobrecida. Os fortes sabem que o mal deve ser ressignificado,
transmutado em compreensão.
Hoje me senti um homem de sucesso. Tive a
oportunidade de inspirar alguém. Já vivenciei muitas situações através das
quais descobri a minha voz interior.
Estava saindo da casa de uma paciente
quando a faxineira me pediu uma carona. Ela me contou sua vida. O que ela me
dizia parecia ser uma vida até mais fácil do que a que eu tive. Eu resolvi
contar para ela as minhas dificuldades familiares. Ela se surpreendeu. No fim,
ela me agradeceu. Disse que a partir daquele momento eu seria sua inspiração.
Fiquei feliz por contribuir para ela ser uma pessoa melhor.
São as nossas experiências que podem
inspirar as pessoas. Levar um pouco do sopro a quem precisa de inspiração para manter-se
vivo. Para essas pessoas vale a pena a nossa existência.
Você tem o dom de mexer com nossos sentidos, nossas emoções contidas entre os muros do inconsciente pernoitado pelas nossas vontades, até que uma hora tudo vem a tona nos redescobrimos melhores exatamente por não armazenar o que de tão incrível aconteceu conosco quando naquele momento sustentamos como castigo , momentos de infâmia idade ainda sem instrutura qualquer para a produção, bem do mal, o útil do inútil , o que serviria em estado de amadurecimento para a construção de novos horizontes alçando valores superiores aos que fomos julgados ou subjugados, seremos serenos e aproveitamos para colher bons frutos de tudo que conseguimos compreender vindo de um incompreensivo que nos insulta por que nossos passos o incomodam.
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