4 de setembro de 2012

Um homem e seu duplo





Se não sou eu a me julgar, quem o faz então? Vários fatores me levam vida a fora. O importante é que eu tenho de viver, me adaptar. Para ser assim existem vários processos inconscientes a me manter na trilha. O que eu sei, conscientemente, é somente um rascunho identificável. Quem dita às regras é o background inconsciente. Nele contém toda a minha trama misturada de diversos fatos marcantes – nem sempre os melhores – a me direcionar a uma finalidade. Não posso saber qual, pois se o digo faço pela coerência dos fatos, nada mais do que um argumento da consciência. Ledo engano ter ideias de controle sobre mim mesmo. A consciência serve para me dar um relato coerente do que ocorre comigo. A minha atenção presente é uma releitura daquilo que o meu inconsciente diz para eu observar. Sou dependente de minhas impressões passadas. Não quero que alguém, que não seja eu, decida por mim, mas não posso dar conta. Sou escravo de meus passos de outrora. Durante anos o estranho que habita em mim esteve no comando a determinar o meu destino. Sinto-me pequeno ao pensar na força deste estranho que não deixa de ser eu mesmo. 

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