8 de janeiro de 2013

Zumbis e a lobotomia moderna






Os zumbis estão em alta. A febre ficcional é intensa. Eles aparecem nos seriados americanos, camisetas, outdoors, quadrinhos, cinema, etc. Porém, tenho visto também zumbis modernos entre nós. Acho que nunca estivemos tão infestados deles quanto agora.

A minha preocupação não fica localizada no mundo ficcional cujo atrativo está em assistir a um espetáculo no qual podemos sair ilesos assim que a luz acende, e sim em nosso cotidiano. 

Na década de 30, pacientes que sofriam de desordens de personalidade eram submetidos à lobotomia frontal. De maneira macabra, alguns médicos esperavam o paciente dormir e anestesiavam-no. Escalpelava o paciente, perfurava o crânio atrás da parte superior da órbita dos olhos, região mais macia do crânio. Em seguida, o bisturi era movido como um limpador de para-brisa em toda a área do córtex pré-frontal, retirando-o.

Após o procedimento essas pessoas apresentavam alguns traços comuns:

·         Eles se tornavam preguiçosos, letárgicos, sem interesse para o que estava à sua volta;
·         Tinha perda de iniciativa, perda de inspiração. Sem desejo de fazer nada. Queriam só a monotonia. Ao mesmo tempo, se sentiam entediados, sem motivação para mudar;
·         Ficavam atados a um comportamento de rotina, se tornando previsíveis. Eles queriam ouvir a mesma estação do rádio, usar a mesma roupa, comer a mesma comida todos os dias;
·         Eles perdiam a capacidade de modificar suas ações e comportamentos. Eles faziam as mesmas ações repetidamente, para obterem o mesmo resultado. Quando não, se sentiam atormentados com reações emocionais despropositadas;
·         Eles podiam cometer os mesmos erros diversas vezes, sem fazer nenhum esforço para fazer de modo diferente. Às vezes, davam justificativas que as coisas eram como eram;
·         Cometiam um comportamento danoso e os repetiam. Ao se sentirem mal, se lamentavam e repetiam novamente;
·         Eles possuíam dificuldade de focar numa única tarefa. Iniciavam uma atividade ou um discurso, então se tornavam completamente distraídos e não terminavam o que começavam;
·         A superficialidade era o slogan dos desprovidos de lobo frontal. Eles não conseguiam aprender coisas novas, memorizar era difícil, e não conseguiam ganhar sentido em novas situações;
·         As ideias intrincadas e complexas eram incompreensíveis. Os comportamentos complexos eram substituídos pelos mais simples, mais previsíveis;
·         Projetar o futuro também estava além de suas habilidades;
·         Essas pessoas apresentavam dificuldades em se adaptar às novas situações. Se o cadarço do sapato partisse, elas tendiam a amarrar com o que sobrava, ao invés de conseguir um novo;
·         Pessoas lobotomizadas se tornavam como crianças, IMATURAS. Sem senso de responsabilidade e com maus comportamentos frente a situações insignificantes. Birras infantis, caras e bocas eram extremamente comuns;
·         Eles repetiam as mesmas frases do discurso. Suas habilidades de comunicação iam se declinando cada vez mais;
·         Eles perdiam a habilidade de cuidarem de si mesmos;


O lobo frontal serve como central de controle, filtrando e interferindo, focando a atenção e aquietando a tempestade dos sentidos. Não são somente os lobotomizados cirurgicamente que apresentam os sintomas acima. 

Joe Dispenza (2007:343) escreve: 

"De muitas maneiras e em diferentes graus, aqueles de nós que são emocionalmente dependentes sofrem de algum grau de enervação, anseiam por uma existência própria de rotina, fugindo de muitas experiências novas ou desconhecidas, e vivendo a vida em um estado quase catatônico".

Quando o lobo frontal apresenta pouca atividade, perdemos a habilidade em liderar, sintetizar, e coordenar todas as outras regiões do cérebro, o que afeta bastante quem somos.

Se não prestarmos atenção caímos num poço profundo, e perdemos a nós mesmos. É importante salientar que não sabemos quem somos, e não saberemos completamente.

Eu, por exemplo, não tenho mais a pretensão em saber quem sou, mas quero me dominar. Perder o domínio é deixar que a minha genética e o meu passado me conduzam.

Quando estamos viciados em nossas emoções corporais, o lobo frontal não consegue fazer o seu papel. Ele enfraquece. Ficamos sujeitos à opinião das massas. Ou seja, aquilo que é bom ou ruim, bonito ou feio, e assim sucessivamente.

As doenças são na verdade uma perda de comando. Quando deixamos as emoções do passado tomarem conta de nossa vida presente ficamos perdidos nas brumas do conflito, não encontramos saídas, e nos paralisamos. Enquanto isso, os hormônios de estresse são liberados constantemente arruinando nossas células. Mais tarde, teremos o aparecimento de doenças, e mesmo assim ainda acreditaremos numa causa médica para o infortúnio.

Quando a atividade no lobo frontal é alta temos habilidade em controlar as nossas reações e impulsos, isso favorece o controle sobre a nossa vida. Sabemos quem queremos nos tornar, e não simplesmente perceber os problemas sem solução em nossas vidas.

Quando vivemos no modo sobrevivência, todo arcabouço químico influencia o cérebro a ponto de ele estar somente no lado de fora, no ambiente, no corpo, no tempo cronológico.

Como diz Dispenza: “Devemos mover nossa mente de volta ao cérebro”. Ou seja, colocar o rei de volta ao seu trono. Para isso, será preciso:

·         Supervisão
·         Controle
·         Alto nível de pensamento 

2 comentários:

  1. Caramba, fiquei com medo...
    Percebi que tenho muitas semelhanças...
    Preciso despertar meu lobo frontal!
    Parabéns pelo texto.
    Graça

    ResponderExcluir
  2. Nossa nem quero falar sobre isso, apenas pensar e pensar muito no que estamos vendo neste mundo de mortos vivos.
    Parabéns meu querido amigo e mestre.

    ResponderExcluir