Muito daquilo que eu pensei um dia está se tornando
aos poucos um pequeno navio na virada da linha do horizonte, quase desaparecido
ao meu olhar. Tudo passa porque envelhecemos. É muito bom envelhecer no meu próprio
tempo, e não no tempo dos outros. Atualmente percebo que pensar para aonde ir
não tem sido mais uma constante. Estou deixando ir. Isso de certa forma me
deixou angustiado muitas vezes. Porém, descobri que não tenho para aonde ir, o
importante é o trajeto e não o fim da jornada. Nunca me abandonarei mesmo. Portanto,
o que tiver de acontecer, eu estarei presente para encarar o acontecimento. Não
quero me preparar nem para o ruim nem tampouco para o bom. Preciso apenas me
dedicar ao que se mostra a mim no momento.
A mente cria muitas ocupações, a fim de que não
entremos em contato com nós mesmos. Viver é um relembrar constante. Fazemos isso
porque buscamos comparar os fatos. Queremos ter referências para nos sentirmos
seguros. Porém, nos perdemos em nós mesmos, e passamos a acreditar que o mais
importante está no que o outro nos ensinou. Desde cedo com os nossos pais,
depois com os nossos professores e a sociedade em geral. Aquilo que aprendemos era
apenas um aprendizado também aprendido por outros que os antecederam. É um
corolário infundado. Ninguém pode me dizer o que é mais importante para mim, eu
mesmo tenho de sentir para saber. Para ter uma vida saudável temos de sentir o
momento presente. Isto é, ter a presença no presente. O passado ilustra a nossa
história, mas ele não pode ter força sobre o nosso presente. O tempo pertence a
cada um de modo diferente. Não podemos pensar que a vida é alcançar algo. Todas
as pessoas de grande talento quando questionadas sobre seus dons, elas costumam
dizer: “Não sei como aconteceu. Apenas aconteceu”. De fato, tudo em nossas
vidas acontece da maneira que tem de ser. O que nos cabe é apenas olhar e
refletir. Se não está bom, o importante é tentar se abrir para o novo. O novo,
no entanto, só surge na mente vazia, em silêncio. Assim, a resposta aparecerá. O
problema é a mente cheia de ruídos. Ela se torna ruidosa por causa do tempo
futuro. Lá adiante poderá acontecer algo que eu não gosto ou que eu desejo. O
bom e ruim são valores. Temos de ser precavidos com os sistemas de valores,
pois nem sempre eles refletem a nossa alma. Por isso a ansiedade. Para mim, a
ansiedade é uma corda puxada por dois lados. Ninguém sai do lugar na ansiedade,
só há gasto de energia. Pode parecer estranho, mas pensar demais é perder
energia sem criar. Pensar demais é viver apenas para sobreviver. Pensar demais
não permite o sentir. Sentir é a condição do self, enquanto pensar do ego. Temos
de ter precaução com o que estamos fazendo conosco. Se pensamos demais é porque
não estamos em contato, estamos fora, na busca de algo que aprendemos ser
relevante. Pense e sinta por você mesmo e verá que um mundo
novo se abrirá. Não se afaste de seu próprio tempo.
Mais de dez anos se passaram e você prossegue a sua jornada virtual. Obrigado por compartilhar suas palavras, Pedro. João Henrique.
ResponderExcluirOi João, Meu Deus, como eu sou insistente, não? Obrigado por estar junto sempre. Um abraço.
Excluir